Finalmente sexta-feira! Após o regrado almoço na cantina do
serviço, vou com uns colegas beber café a uma pastelaria próxima. Um café para
cada um e bretzels de chocolate divididos em 2 para partilharmos. Se
formos em número par a divisão é pacífica, mas se formos 3 ou 5 há uma metade a
mais. Acabo por ser sempre eu a comer a metade sobrante. Come tu, dizem os meus
colegas, tu podes, vais ao ginásio! E com muito sacrifício, mas sem culpa, lá
acabo por comer mais uma metade do delicioso bolo, saboreando cada dentada,
sentindo o crocante da massa alternar com o irresistível chocolate. Sim, sem
culpa, porque é sexta-feira e vou ao ginásio. No sábado de manhã vou novamente.
Já fui na segunda, na terça e na quarta.
Finalmente sexta-feira, o dia da aula de fight no
ginásio. Que aula fantástica, que energia, que power! Nesta aula liberto
tanta energia que toda a carga negativa acumulada durante a semana desaparece. Por
outro lado, na mesma aula recarrego-me do dobro da energia libertada e sinto-me
poderosa, quase ao ponto de desejar ser interpelada por bandidos para lhes
aplicar implacavelmente os pontapés, murros, ganchos e joelhadas praticadas.
Sim, a aula de fight irá certamente derreter as
indesejadas calorias extra do muito desejado bretzel…
Mas mais do que a necessidade de queimar calorias, de baixar
níveis de colesterol e de triglicéridos, de controlar a tensão arterial, de
diminuir o peso e o volume corporal, de aumentar a força, a resistência e a
flexibilidade, as idas ao ginásio funcionam como a conquista de momentos de bem-estar.
Bem-estar social, mental e físico, mesmo que por vezes os exigentes instrutores
consigam fazer do ginásio um autêntico parque lúdico de tortura. E não são
precisos muitos instrumentos para que uma aula ou treino ganhe requintes de malvadez,
basta utilizar a diabólica air bike, fazer burpees ou uns
determinados agachamentos que rebentam completamente com as nossas pernas,
substituindo os músculos por rochedos estáticos que deixam de ter capacidade de
contrair e de relaxar…
E com nomes indecifráveis atraem-nos para as exigentes aulas
do ginásio que, à semelhança da música dos GNR, também são pós-modernas: CX,
TRX, RPM, Step, HIIT, GAP, kick, 3B, zumba, jump e
yoga, entre muitas outras. Esqueçam a ginástica aeróbica dos anos 80. Esqueçam
a ginástica de manutenção. No ginásio é tudo para matar. Esqueçam também o jogging,
para correr só em modo running.
E é por isso mesmo que eu gosto do ginásio, são exigentes,
puxam por nós, levam-nos a superarmo-nos sempre mais e mais. Independentemente
da idade e estrutura física, para os instrutores somos todos iguais, somos
todos igualmente capazes. E é tão bom com, quase, 50 anos e uns quilitos a mais
sentir-me igual a uma elegante jovem de 20 anos! Mas no ginásio há também lugar
para o convívio e reina o bom ambiente, não só nas aulas, onde apesar do
esforço e desgaste físico encontramos energia para rir e brincar, mas também no
balneário, nos corredores, junto da receção e na sala de musculação, pois apesar
de eu não gostar de puxar ferro, admito que o espaço fica bem mais interessante
com aquela parafernália de máquinas, pesos…e seus utilizadores.
Finalmente sexta-feira e depois da ida ao ginásio
provavelmente vou jantar fora, mas terei de controlar o entusiasmo e satisfação
que me domina depois do fight, pois o meu filho já reclama que o assunto
das conversas recai sempre sobre as aulas, o ambiente e os colegas do ginásio,
o invejoso. Vou tomar nota para também não conversarmos sobre futebol…
Texto criado para o Adhoc Gym - Condeixa
Texto criado para o Adhoc Gym - Condeixa
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