People are awesome



Estou completamente rendida ao Ser Humano. Descontando alguns exemplares que nada têm que possamos elogiar, a verdade é que o Homem é um ser admirável. Não pretendo enaltecer os feitos notáveis e que já constam de vários compêndios, mas é impossível ficar indiferente perante a capacidade do Homem ir à lua, atravessar oceanos, descobrir a cura de doenças, transplantar corações, idealizar e construir algo grandioso como A Sagrada Família ou algo simplesmente belo e perfeito como a estátua de David, compor e executar o sublime Requiem de Mozart, escrever o Memorial do Convento, escalar até ao topo do Monte Everest ou marcar um golo de pontapé de bicicleta!

Bem, será provavelmente exagerado colocar o pontapé de bicicleta ao nível de um transplante de coração, de um Requiem de Mozart ou de uma Sagrada Família, mas não deixa de ser algo belo e fabuloso, a ponto de colocar milhares de adversários de pé a aplaudir! São precisamente estas ações “menores” que eu quero enaltecer. E as ainda “menores”.

Se nos abstrairmos da violência, das agressões, da destruição, da falta de civismo e da estupidez crua e bruta, conseguimos encontrar qualidades maravilhosas no ser humano. Qualidades intelectuais, criativas, físicas, motoras, emocionais… Grandes obras ou pequenos gestos que nos tornam únicos e especiais e que fazem com que a nossa vida seja repleta de prazer e de momentos lindos.

Encantamo-nos com obras de arte excecionais, maravilhamo-nos com as mais incríveis conquistas desportivas, abismamo-nos e com os avanços científicos atingidos e orgulhamo-nos dos especiais entre nós. No entanto, se estivermos atentos conseguimos ver o maravilhoso que há nas pequenas coisas que cada um de nós concretiza.

Deslumbro-me com o encantador que é um pai a aconchegar um filho no seu colo, afagando-lhe os cabelos e secando-lhe o choro com beijos. Derreto-me com o riso de crianças nas suas brincadeiras descontraídas em que cabe o mundo inteiro. Delicio-me ao mergulhar num negro e profundo olhar, rasgado num sorriso, e sinto o prazer de encarar a simpatia de alguém, deleito-me a observar um corpo bem esculpido e gozo o prazer do seu abraço.

Fascina-me a rapidez, o humor e a acutilância com que surgem piadas, comentários e observações perante qualquer acontecimento. Terminando de ler um bom livro, que durante dias me proporcionou bastante prazer, reflito sobre a excecional capacidade de o autor criar o enredo, os pormenores da ação e dos lugares numa escrita atrativa, capaz de nos transportar para outra dimensão. Envolvida pela imensidão de milhares de espetadores vibro com a música, as luzes, efeitos especiais, com todo o ambiente criado, com a energia contagiante dos músicos e com a alegria e loucura do público, pulando e cantando. E vivendo estes momentos encho-me de felicidade e incho-me de orgulho pelo maravilhoso que os humanos conseguem ser, sentir e viver.

E para que eu considerasse o ser humano espetacular nem necessitava de me encantar com uma pirueta, um salto mortal, um passo de dança, uma nota musical, um traço numa tela, um poema, bastava ter provado chocolate! Um jantar de amigos, com várias iguarias, doces e salgadas, regado com bom vinho, com muita conversa e com muito riso é suficiente para exultar o ser humano nas suas várias dimensões. No entanto, revejo verdadeiramente a grandiosidade do Homem na simplicidade dos gestos e dos momentos quando a minha filha, no seu voluntariado, acarinha um deficiente profundo, quando o meu filho salta mais alto e mais longe e defende o que seria um golo certo e quando os meus pais com tanta sabedoria e amor me dão as melhores lições de vida.

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