Eu gosto é do verão!


Aninhei-me no sofá, enrolada num cobertor quentinho. Estava um normal dia de inverno, frio e húmido, que não convidava a sair de casa. À medida que o corpo aquecia perdia tensão e, reconfortado, relaxava. Desejei que o calor que começava a sentir nas costas fosse provocado pelo sol quente de verão!

Que saudades tenho do verão, de sentir o sol a escaldar nas costas nuas, na praia, e sentir a pele a eriçar-se num arrepio de calor, ouvindo ao longe risos e guinchinhos de crianças, felizes, a brincar na areia e a chapinhar na água. Que saudades tenho de me deixar embalar pelo som das ondas, num vai e vem ritmado, contra as rochas e areia. De sentir nas mãos e nos pés o acariciar macio dos grãos de areia fina, de me deixar levar a flutuar pelo ondular do mar fresco, tornando-me leve e livre. Que saudades dos mergulhos ao pôr-do-sol, das brincadeiras na praia desafogada, de admirar os reflexos vermelhos na vastidão de areia e nos espelhos de água da baixa-mar.

Que saudades do tempo de andar descontraída o dia inteiro, de calções curtos e chinelos. Da pele morena e das pulseiras coloridas nos braços nus. Dos dias grandes, cheios de sol, desfrutados ao máximo, sem horários, sem rotinas. De não ter de fazer nada e de ter tempo para fazer tudo.

Como eu gostava de estar agora, sentada numa espreguiçadeira, ao sol, num terraço, bebendo uma sangria de frutos vermelhos e lendo um bom livro enquanto aguardo que o almoço fique pronto, sentindo o odor libertado pelo peixe fresco a ser grelhado e ouvindo o grasnar das gaivotas que nos sobrevoam. E à noite, no jardim, iluminado por lamparinas, deixar-me sonhar, de olhos abertos, observando as estrelas, no conforto descontraído da cama de rede de algodão colorido, ouvindo apenas os sons da noite e sentido o perfume dos pinheiros.

Que saudades de comer cerejas grandes e carnudas, ameixas suculentas, pêssegos sumarentos e bolas de Berlim na praia. Saudades do tempo em que todas as refeições são banquetes, confecionadas com tempo e saboreadas fora de horas porque não há horários a cumprir, há tempo para apreciar, viver e conviver. Saudades dos passeios demorados após o jantar, sentido a brisa do mar, de percorrer as ruas, já muito percorridas, observando a cada dia mais um pormenor, numa fonte, numa casa, numa porta, janela ou cantaria.

Que saudades tenho de estar mais próxima da família que está longe, num convívio diário em vivência de festa e descontração. Saudades dos sorrisos e das conversas, dos momentos, dos gelados e bolos repartidos no café de sempre. Saudades dos livros de leitura partilhada, colecionando marcadores…


Enquanto o verão não chega, aconchego-me no calor do cobertor e, confortável no sofá, saboreio um delicioso chocolate quente fumegante e desfruto da leitura de um bom livro, só meu!

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