Fui a primeira a chegar. Estava
ansiosa por aquele reencontro, combinado à medida da minha disponibilidade. Dos
12 anos passados no colégio guardo muitas recordações e amizades. Quando há
mais de 30 anos me separei das minhas colegas e amigas de sempre, tendo ido
estudar para um liceu sem que nenhuma delas me tivesse acompanhado, uma vez que
da turma inteira eu fui a única a seguir a área que dava acesso a arquitetura,
mantive contacto com as que me eram mais chegadas. Com o passar dos anos, ao
longo destes mais de 30 anos, fui perdendo o convívio com praticamente todas elas.
Contrariamente ao que se possa
pensar, jantar com estas colegas, algumas das quais não via há 30 anos, não é
nada aborrecido nem constrangedor. Não, não passamos o jantar de olhos posto no
prato por falta de assunto de conversa, não falamos do tempo, da última
tendência da moda, de unhas e penteados, nem aproveitamos o momento para chapar
na cara umas das outras como se tornou maravilhosa a nossa vida, com carreiras
profissionais de sucesso, com filhos excecionais e com maridos e afins divinais
que poderiam ser capas de revista, donos de uma fabulosa herança, para além de
sempre disponíveis para levar as crianças às suas variadíssimas atividades e
para nos surpreender com aquele gesto ou presente que nos faz subir aos céus…
Estes jantares e reencontros são
sempre animadíssimos e divertidos e é com enorme satisfação que constato que ao
longo de 12 anos de convivência diária foram criados laços tão fortes que uma
vez quebrados…não acontece absolutamente nada! Ao nos reencontrarmos voltamos a
unir o ponto de convívio precisamente onde tinha sido quebrado, o espaço de
tempo entretanto decorrido não alterou a afinidade, apenas nos fez amadurecer
como pessoas e viver experiências pessoais que agora enriquecem a redescoberta
e a relação.
A vantagem de ter sido a primeira
a chegar foi a possibilidade de usufruir da companhia exclusiva da anfitriã que,
apesar da recente troca de mensagens, não via há mais de 30 anos. Foi
maravilhoso podermos conversar. A noite foi avançando e, a conta-gotas, foram
chegando as antigas colegas. Como, aparentemente, a pontualidade não é uma das
qualidades que as possa caracterizar, calmamente pudemos ir apreciando a chegada
de cada uma delas, com o tempo e a atenção que permitiu fazer uma receção mais
pessoal a todas.
A conversa prolongou-se muito
após o jantar, que estava delicioso. Teria lá ficado a conversar a noite toda,
não fossem os vários compromissos que tínhamos no dia seguinte, afinal a
garrafa ainda tinha vinho e o bule foi reabastecido… chá?! Quando é que elas se
tornaram pessoas tão responsáveis?!
Sem comentários:
Enviar um comentário