Ler um livro é algo que me dá sempre muito prazer, se o livro for bom, para além do prazer que me dá, ainda me transporta para o seu mundo como se eu própria fosse personagem vivendo em tempo real as aventuras, desventuras, paixões, desilusões, frustrações, vitórias, medos e alegrias descritas. Mas se um livro for muito bom e lido na língua original em que foi escrito então o prazer imenso funde-se com o orgulho. Foram estes sentimentos que o livro “A Célula Adormecida” de Nuno Nepomuceno me proporcionou.
![A Célula Adormecida 2ª edição](https://www.nunonepomuceno.com/A%20Celula%20Adormecida/files/a-ce0301lula-adormecida-200aa-edic0327a0303o.jpg)
“A Célula Adormecida” fala de política, de religião, de traição, de ódio e de amor, com muito amor, com muita humanidade. Curiosamente não senti qualquer raiva ou ódio pelos personagens com personalidades mais irritantes ou executantes de atos condenáveis, tal o amor e compaixão que o autor lhes/nos transmite. E o livro é isso mesmo, uma lição de amor, apesar de o ódio ser um sentimento constante ao longo de toda a narrativa.
A par de ler o livro na sua língua original, o português, o que considero sempre uma mais-valia, outra caraterística que me fez sentir mais próxima e dentro do livro foi o facto da ação se dividir entre a cosmopolita Istambul e a minha amada e saudosa Lisboa, nos seus percursos pela cidade.
Sendo um livro de ficção relata-nos factos e situações reais, o que torna toda a história muito mais emocionante e nos faz pensar profundamente na possibilidade da ficção se tornar realidade. Por outro lado, é uma obra que nos conduz à realidade de uma comunidade cada vez maior na/da nossa sociedade.
Esta obra fez-me recordar quando há mais de 25 anos fiz para a faculdade um trabalho de grupo sobre a mesquita de Lisboa. De uma forma muito mais distante e ligeira também nessa altura tivemos de perceber a cultura, a religião e a arquitetura islâmica para então compreender e caracterizar o edifício da mesquita. Mas o que recordo com mais carinho, o mesmo carinho que senti no livro, foi a simpatia e abertura com que fomos recebidos na mesquita. Apesar de sermos 1 rapaz e 3 raparigas de 20 anos, nunca senti qualquer pudor ou preconceito. O responsável que nos recebeu mostrou-se sempre muito prestável e até divertido, contando-nos histórias e curiosidades sobre o projeto e a construção da mesquita e permitiu-nos uma visita aos vários espaços do edifício, com exceção da sala de orações exclusivamente destinada a homens, onde apenas ao nosso colega rapaz foi permitido entrar… Como “castigo” pelo privilégio, por maioria (feminina) foi decidido que seria ele a apresentar oralmente essa parte do trabalho.
Por todas estas e muitas mais razões, que decerto encontrarão, “A Célula Adormecida” de Nuno Nepomuceno é um livro que recomendo vivamente.
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